Nossos inseguros ve�culos
Simplesmente de arrepiar as
conclus�es do teste de avalia��o da seguran�a
dos autom�veis populares mais vendidos no
Brasil. Constata-se que, na maioria deles,
batidas a velocidades moderadas significam alto
risco de morte para motoristas e seus
acompanhantes, pois esses ve�culos n�o possuem
as bolsas infl�veis (air bags) e suas
cabines t�m estrutura deficiente.
Tecnicamente, numa escala de um a
cinco, sete modelos b�sicos das principais
montadoras em opera��o no Brasil receberam a
nota mais baixa. Trocando em mi�dos: nossos
ve�culos s�o verdadeiras armadilhas sobre
rodas...
Segundo a ONU (Organiza��o das
Na��es Unidas), o Brasil registra, em m�dia, por
ano, 19 mortes no tr�nsito para cada 100 mil
habitantes. � um �ndice quatro vezes maior do
que o detectado na Europa, de cerca de 5 mortes
por 100 mil habitantes por ano.
V�rios s�o os fatores que
explicam o alto n�mero de acidentes de tr�nsito
registrados no Pa�s, entre os quais, a ingest�o
excessiva de bebidas alco�licas. A m� qualidade
das pistas e a prec�ria sinaliza��o tamb�m s�o
fatores que levam a terr�veis desastres,
principalmente nas estradas.
J� o alto �ndice de letalidade
tem muito a ver com a m� qualidade dos ve�culos
no que se refere � seguran�a das pessoas que os
utilizam. A� est� uma clara conclus�o dos
resultados dos testes dos ve�culos novos
fabricados e vendidos na Am�rica Latina � onde o
�ndice de acidentes com mortes � o mais
alto do mundo - realizados pelo bra�o latino
da New Car Assessment Programme (NCAP).
Os testes de impacto a m�dia
velocidade (64 quil�metros por hora) contra uma
barreira deform�vel, que simulam uma colis�o com
outro ve�culo, mostraram que os ve�culos
vendidos na regi�o s�o fr�geis, n�o disp�em de
itens hoje essenciais em outros pa�ses para
proteger as pessoas, cujas vidas, por isso, s�o
colocadas em risco.
Esses carros est�o atrasados 20
anos em rela��o aos modelos comercializados na
Europa e nos Estados Unidos, por exemplo. A NCAP
� uma organiza��o apoiada pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela
Federa��o Internacional de Autom�veis (FIA) que
realiza testes independentes para alertar os
consumidores e os governos sobre a seguran�a dos
modelos comercializados no pa�s e orientar os
fabricantes, desde que estes estejam dispostos a
receber orienta��es desse tipo.
Aqui no Brasil, eles resistem. J�
no ano passado, a Anfavea (Associa��o Nacional
dos Fabricantes de Ve�culos) disse que os
ve�culos aqui produzidos atendem �s
especifica��es legais e, por isso, nada tinham a
comentar sobre os resultados dos testes da NCAP.
Este ano, repetiram a resposta. Realmente, a
despeito de colocarem em risco a vida de seus
usu�rios, os ve�culos comercializados no Brasil
respeitam as regras do governo.
Epis�dio sintom�tico ocorreu em
setembro, com a escandalosa prote��o dada �s
montadoras, mediante a imposi��o de
al�quota de 30% do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) aos ve�culos importados
fora do Mercosul e do M�xico.
Assim, imp�em pre�os bem altos �
mesmo descontados os impostos, que s�o muito
pesados, os carros brasileiros chegam a custar o
dobro do modelo equivalente vendido nos Estados
Unidos � e amealham grandes lucros.
E h� uma importante e gritante
ressalva: ve�culos produzidos aqui para
exporta��o, acatam todas as exig�ncias do
exterior. E s�o negociados com mais de 140 itens
de seguran�a. E a� vale a pergunta inoportuna e
indigesta: por qu� os estrangeiros podem andar
em ve�culos mais seguros para suas vidas e aqui
n�s somos obrigados a correr riscos di�rios, em
�carro�as�, como j� foi assinalado por um
pol�tico?
Faltam governo e muita vergonha
na cara para que nossos mais elementares
direitos de consumidor sejam reconhecidos. Pelo
menos isso!
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