ATESTADO DE ADMIRA��O

Desejo divulgar o trabalho deste grande companheiro, Prof. Neif Mattar, pessoa extremamente generosa e simples, apesar da imensa cultura jur�dica.

T�o logo tomei conhecimento deste belo e sempre atual Poema, com a sua autoriza��o, apresentei-o em meus programas de r�dio. E o venho repetindo, h� mais de 30 anos.

Cada vez mais pessoas comovem-se com esses versos, refletem sobre a bela mensagem de amor e paz em Cristo e neles encontram um incentivo para sua pr�pria reforma espiritual.

Ao brilhante Autor, NEIF DE OLIVEIRA MATTAR, deixo aqui consignado este singelo, por�m sincero Atestado de Admira��o.

O prof. Neif Mattar faleceu no dia 2 de outubro de 1997.

 

SUCESSO SEMPRE


Venho declamando este magn�fico �CANTO AO CRISTO� especialmente nas proximidades da P�scoa e do Natal, sempre com muito sucesso. E s�o insistentes os pedidos, depois das transmiss�es, de c�pias de grava��o e do pr�prio texto, pois as pessoas se encantam com suas li��es oportunas e ainda atuais.

Na turbul�ncia dos dias de hoje, este Poema � uma ben��o e um convite � reflex�o. � tamb�m um apelo � uni�o e � paz, � solidariedade e ao congra�amento das pessoas em Cristo.

Embora fiel ao meu compromisso com o povo de combater a viol�ncia e os abusos em todos os n�veis, aprecio transmitir mensagens que possam renovar esperan�as de uma vida mais participante, de fraternidade e amor crist�o.


CANTO AO

CRISTO

     Quero cantar-Te, CRISTO,

     CRISTO amigo, pai, irm�o e companheiro.

     Quero cantar-Te

     Na pobreza da manjedoura,

     No trote do burrico, na fuga para o Egito.

     Na sabedoria do menino ensinando os doutores,

     Nas gotas de sangue pelos espinhos da coroa,

     Na fraqueza da dor humana confessada na cruz.

 

     Quero cantar-Te, CRISTO,

     N�o nas can��es estilizadas

     Dos que Te cantam sem sentir-Te;

     N�o nas esculturas m�sticas

     De Tua imagem de pl�stico,

     Mas na realidade org�nica de Teu corpo,

     De Teus ossos e de Teus m�sculos

     Pregados no madeiro infamante.

 

     Quero cantar-Te,

     N�o nos desenhos coloridos

     Que mostram Teu rosto sem marcas,

     Mas na face de mart�rio impressa no sud�rio.

     Quero cantar-Te,

     N�o no aplauso ao Deus renunciante,

     Nem no elogio contrafeito �s Tuas divinas capitula��es,

     Mas na condena��o aos maus de ontem

     Que continuam sendo os maus de hoje.

 

     Quero cantar-Te, CRISTO,

     No hino do trabalho,

     Na Tua santa rebeldia a C�sar e � sua lei,

     Na ira sagrada que explodiste no Templo,

     Vergastando os fariseus,

     Quebrando �dolos de barro

     E expulsando os vendilh�es.

 

     Quero cantar-Te, CRISTO,

     Como filho de oper�rio,

     Como pescador de peixe e de almas,

     Como amigo tra�do pelo amigo,

     Como esquecida revela��o do bem

     E como contesta��o � viol�ncia.

 

     Quero cantar-Te, CRISTO,

     Em nome da verdade perseguida,

     Em nome da paz humilhada pelos brutos,

     Em nome dos que sofrem fome e sede de Justi�a.

     Em nome dos que, como Tu, morreram e morrem

     Sentenciados pela prepot�ncia da for�a.

 

     Quero cantar-Te, CRISTO,

     Num gesto de condena��o aos ego�stas,

     Num olhar de desprezo aos que odeiam,

     Numa palavra de rep�dio aos que agridem,

     Numa exclama��o de nojo aos contam juros

     E n�o sabem contar hist�rias de amor.

 

     Volta, CRISTO, e recebe meu canto:

     Para comp�-lo, emprestei a voz do futuro,

     Para diz�-lo, aprendi o verbo da esperan�a,

     E para ento�-lo � pudesse eu! � formaria

     O grande coral humano de todos os homens,

     De todas as mulheres e todas as crian�as da Terra.

 

     CRISTO, filho do homem,

     Homem, filho de Deus,

     Se de novo Te fizeres Verbo

     E vieres habitar entre n�s,

     Muito haver�s de chorar,

     Como choraste no Horto das Oliveiras.

 

     Haver�s de chorar aquela menina asi�tica

     Que a bomba incendi�ria transformou em chamas;

     Haver�s de chorar os que disputam heran�as,

     Como os guardas disputaram os dados no G�lgota;

     Haver�s de chorar a moderna glorifica��o de Barrab�s,

     Num estranho aplauso ao hero�smo do crime;

     Haver�s de chorar aqueles muitos outros

     Que, como Pilatos, lavam as m�os e sujam a consci�ncia.

 

     Haver�s de chorar as guerras,

     O homem lobo do homem,

     A destrui��o cient�fica da vida,

     A tecnologia a servi�o da morte

     E a ambi��o impiedosa dos genocidas.

     Chorar�s a devasta��o dos bombardeios,

     Os desfolhamentos qu�micos desnudando as �rvores,

     E o ventre da terra, sem semente germinando,

     Mostrar� sua viola��o pelos obuses e morteiros.

     Chorar�s os aprendizes da feiti�aria da viol�ncia,

     Que perderam os caminhos da paz

     E v�o, presas do pr�prio medo,

     Ensaiando o grande suic�dio coletivo.

 

     Haver�s, ainda, de chorar muita coisa:

     Chorar�s os suntuosos sepulcros de m�rmore,

     Os modernos apedrejadores de ad�lteras,

     Os que, at� hoje, querem ver para crer,

     Os que n�o tem f� por vergonha humana.

     Chorar�s os que coam um mosquito

     E engolem um camelo.

     Chorar�s o progresso desumanizado

     E a civiliza��o morrendo polu�da.

 

     Chorar�s por Ti mesmo,

     Pelas Tuas dores, pela Tua ang�stia,

     Pela Tua morte, pelo Teu mart�rio

     E pela Tua gl�ria.

     E tudo isto haver�s de chorar

     Se de novo Te fizeres Verbo

     E vieres habitar entre n�s.

  

     CRISTO, filho do homem,

     Homem, filho de Deus,

     Embora muito tenhas que chorar,

     Embora muitos venham a trair-Te

     E de novo queiram crucificar-Te,

     Embora muitos possam zombar de Ti

     E de novo queiram coroar-Te de espinhos,

     Embora muitos possam vender-Te por trinta dinheiros,

     Embora muitos daqueles

     Que hoje usam e abusam de Teu nome

     Venham a negar-Te antes e depois de cantar o galo,

     Embora Tua dinastia divina

     Possa, mais uma vez, sofrer esc�rnio,

     E Teus naturais direitos humanos

     De novo n�o encontrem senten�a que os reconhe�a,

     Embora tudo isso,

     � urgente que voltes � Terra

     E que venhas multiplicar os homens de boa vontade.

 

     Volta, CRISTO, e de cima do monte, repete,

     Para aqueles que t�m ouvidos de ouvir ou�am;

 

     - Ai de v�s, fariseus hip�critas,

     Que profanais o Meu Natal

     Com as mentiras de papai noel,

     Que promoveis banquetes e festins

     E n�o convidais nenhum pobre, nenhum coxo, nenhum cego.

 

     - Ai de v�s, fariseus hip�critas,

     Que devorais as casas das vi�vas,

     Que dais redentoras esmolas

     Fazendo, antes, soar bem alto a trombeta,

     Para que todos saibam e aplaudam

     A vossa vaidosa caridade.

 

      - Ai de v�s, fariseus hip�critas,

     Que vos fartais com a fome do mundo,

     Que vendeis armamentos de guerra,

     Que pagais o d�zimo da hortel�, do endro e do cominho,

     Mas que vos esqueceis de praticar

     A Justi�a, a Miseric�rdia e a F�.

 

     - Ai de v�s, fariseus hip�critas,

     Que tomais em v�o o Santo nome do Senhor,

     Que fazeis guerras em nome das religi�es,

     Que pondes remendos novos em panos velhos,

     Que pouco vos importais que se perca todo o rebanho,

     Que pretendeis salgar com o sal ins�pido,

     Que vos vestis de p�rpura e continueis negando

     A L�zaro as migalhas de vossos banquetes.

 

     Volta, CRISTO!

     CRISTO amigo, pai, irm�o e companheiro.

     Volta depressa,

     Volta antes que se consume a Grande Trag�dia Humana;

     Volta logo para evitar que o mundo se transforme

     Num grande t�mulo fumegante e sem ressurrei��o,

 

     Volta, CRISTO!

     Se voltares, eu, Tu, os poetas e os menestr�is,

     Os simples, os solit�rios e os famintos,

     Os justos e os humilhados,

     Os silenciosos e os silenciados,

     Os pac�ficos e os amargurados,

     Todos n�s,

     Na multiplica��o universal de todos os homens,

     De todas as geografias, de todos os sangues,

     De todos os credos e de todas as origens, � todos -,

     De m�os dadas e de cora��es somados,

     Faremos florir pelos horizontes do espa�o

     E pelas fronteiras do tempo,

     Todos os milagres do amor.

 

     Se voltares, CRISTO,

     Faremos luzir o ouro das espigas de trigo

     Para que todos tenham p�o,

     Cantaremos o poema da solidariedade

     E seremos todos bons samaritanos.

     Limparemos a lepra do �dio do cora��o do homem

     E acenderemos candeias onde haja escurid�o,

     Ensinaremos a palavra ternura

     E rezaremos preces no altar das flores.

     Recitaremos a poesia da consci�ncia livre

     E teremos a for�a da verdade que liberta,

     Pregaremos o serm�o da fraternidade

     E enxugaremos a l�grima do irm�o que chora.

 

     Se voltares, CRISTO,

     Transformaremos os canh�es em tratores,

     Os ninhos ser�o s� de p�ssaros e n�o de metralhadoras,

     Os avi�es voar�o com as asas da conc�rdia,

     Os foguetes m�sseis transportar�o rem�dios,

     Todos os navios pertencer�o a todos os portos,

     E antes de conquistar a Lua, Marte e V�nus,

     Conquistaremos a alma humana

     E a felicidade,

     A suprema felicidade de ser gente.

     Por tudo isto e para tudo isto,

     � urgente que voltes � Terra.

 

     Volta, CRISTO, e traze na m�o Tua espada de luz

     Para com ela cortar as trevas humanas

     E transformar numa alvorada nova

     A noite negra do nosso destino.

     Por tudo isto e para tudo isto,

     N�s Te esperamos, � Homem de Nazar�;

     N�o para ungir a agonia do Homem,

     Mas para que n�o morra, no Homem, a imagem de Deus

     E nem se perca a obra da Cria��o.

 

     N�s Te esperamos, CRISTO amigo,

     Com o desespero daqueles que,

     Por terem perdido o Caminho e a Paz,

     Est�o perdendo a F�, a Esperan�a e a Caridade.

     N�s Te esperamos como �ltimo abrigo,

     �ltimo abrigo contra as bombas de n�utrons

     Que destroem a vida sem destruir as casas

     Que, ent�o, ser�o moradas vazias,

     Ser�o catacumbas de espectros e de sil�ncio,

     Ser�o lares de pais, m�es, filhos, netos,

     Todos mortos...

 

     N�s Te esperamos, dolorosamente perplexos,

     Ante a fatalidade irremedi�vel das amea�as

     E das promessas macabras e de horror

     Que pesam sobre nossa ang�stia desarmada.

 

     Vem, CRISTO,

     E aplaca a loucura dos Neros de hoje,

     N�o lhes permitindo atear fogo ao mundo.

     Vem, CRISTO,

     E det�m o tropel, sinistro e pr�ximo,

     Das bestas do Apocalipse eletr�nico.

     A humanidade n�o tem for�as contra o �tomo assassino,

     A humanidade sofre o pavor da guerra qu�mica,

     A humanidade est� doente de terror e de d�vidas.

     Salva a humanidade, Rabi da Galil�ia!

     Tu mesmo disseste

     Que os fracos, os sofredores e os enfermos

     Eram Teus filhos prediletos, e Tu os vieste salvar.

     Volta, pois, e salva-nos,

     Ainda que desta vez tenhas que vibrar o chicote,

     Tenhas que dar bofetadas ao inv�s de receb�-las,

     E ainda que desta vez tenhas que dizer

     Que Teu Reino � tamb�m deste mundo,

     E, ainda mais, que tenhas que opor

     �s pot�ncias e superpot�ncias belicosas

     As legi�es de anjos de Teu Pai.

 

     Volta, CRISTO,

     N�s Te esperamos hoje, j�, depressa,

     Sem perda de tempo e sem atraso.

     N�s te esperamos agora,

     Antes que a loucura at�mica nos leve ao Nada,

     Antes que a guerra nuclear nos reduza a cinzas

     E antes que seja tarde demais...

      


 

AFANASIO JAZADJI - � 2008 - Todos os direitos reservados